quarta-feira, 25 de abril de 2007

LIBERDADE




Que liberdade é esta que vivemos?
Onde se fala sem dizer nada
Onde se consente a mentira
Onde se pactua com as conveniências
Onde se vê a miséria humana…
No rosto das crianças maltratadas
Dos homens e mulheres humilhadas
Onde quem parece ter, não tem nada
Acontecimentos manipulados
Palavras ocas do parecer
Silêncios impostos à verdade
Interesses que traçam rumos sem retorno
Culpas que não magoam quem devem
Incompetências que governam destinos…

Venha de novo a Primavera com vigor
As palavras puras do amanhecer
O céu rasgado no seu esplendor
Onde cada um sabe o que fazer

Fazer cair as máscaras
Falar com sabedoria
Verdades que impõem rumos
Responsabilidades que traçam destinos
Sem falsas conivências
Com os olhos no futuro
Desenhar momentos felizes
Pelo trabalho sério e responsável
Promover rostos felizes
Crianças protegidas
Adolescentes com esperança
Adultos sem medo do futuro
Trabalhar com entusiasmo
Certos que o Inverno não nos colherá
Antes do Verão ter passado
E termos um Outono descansado

Quero acreditar na liberdade
Mas sem responsabilidade pode tardar
É falsa e oca a que alguns usam
Corrói as mentes e os destinos
Com máscaras e palavras vãs
Sem cuidado podem-nos enganar
Prefiro o pensamento livre
Rostos crentes e empenhados
A tolerância pela diferença
Os deveres desempenhados
Soltar amarras
Sorrisos abertos e esperançados

Cravos vermelhos
Sem sangue a condizer
Solidariedade sem espelhos
A liberdade não pode morrer

Venha a Primavera de Abril
Com força de vendavais
Despertar águas mil
Desmascarar os Carnavais

Levantar a moral embaraçada
Deste povo inconformado
Lutar por nobres ideais
Hastear a bandeira desfraldada

Acreditar sempre sem fraquejar
Sem censura mascarada
Pronunciar sempre a verdade
E o mundo pode melhorar

Vem Primavera de Abril
Despertar os corações
Erguer ao alto as vontades
Fazer valer as emoções
Com a verdade na razão
Jamais nos submeteremos
P’la memória do Zeca Afonso
Venha daí outra canção

sexta-feira, 20 de abril de 2007

DÁDIVAS…




Dádivas para reconhecer
A cada dia que passa
Se atenção soubermos ter
Iremos encontrar essa graça

Pode ser algo tão simples
Como os aromas que se desprendem da Primavera
Os sons dos chilreios de aves enamoradas
Simples cascatas a correrem
Raios tímidos do sol por entre as nuvens
Chuviscos que salpicam a face
Brisa que aspiras na alvorada

Se sentires…vais valorizar
Um gesto de amizade
Um abraço ou um carinho
Um sorriso ou um olhar
Valem mais que muitas palavras
Às vezes ditas sem pensar

Coisas simples e banais
Basta sair da concha e procurar
São dádivas naturais
Que em breve irás encontrar

domingo, 8 de abril de 2007

REPENSAR…



Ressurreição de Jesus
Renascer na vida
Rescaldo do passado
Restaurar o presente
Refazer rumos
Revigorar ideias
Repor ideais
Refugiar sentimentos
Ressurgir das cinzas
Relançar projectos
Restabelecer pontes
Retomar causas
Reforçar ligações
Reunir corações
Reviver…

domingo, 18 de março de 2007


O valor da amizade está bem presente nestas palavras que subscrevo inteiramente. Obrigada ao Caetano Veloso.

“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências… A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os.”
Caetano Veloso

quarta-feira, 7 de março de 2007

MIGRAÇÕES


Viagens planeadas ou talvez não…
Deslocações concretizadas
Crianças deslocadas do seu habitat
Adaptações que se impõem
Decisões tomadas

É necessário reinventar o tempo
Aproveitar os momentos
Sentir o presente agora
Sem pressa do futuro incerto
E não criar desalento

Fugir das rotinas
Iniciar um novo ciclo
Tragar o ar da montanha
Olhar o horizonte sem medo
Libertar tensões acumuladas
Reinventar brincadeiras
Sem receio do ridículo
Sentir toda a energia em redor
Carregar baterias para regressar
Aos ciclos com pouco brilho
Cada vez mais sem rumo

Horizontes enredados
Expectativas goradas
Desafios se impõem
E tanto desalento em redor…
Sentidos alerta
Objectivos delineados?
Que se vai seguir?
Quero ensinar a sentir
Provocar o espanto
Gerar espíritos críticos
Tentar esquecer as divisões
Ignorar os atropelos
Sossegar o espírito
Rumar com sentido
Neste mar revolto
Sobreviver às tempestades desenhadas
Lançar sementes à terra
Regar espíritos famintos
Colher as flores desejadas

Volver e mergulhar no mar…
Mar de sons e palavras
Deixar tecer fios invisíveis
Construir as cadeias possíveis
Adubar as mentes
Como um jardineiro dedicado
Libertar os sentidos
Ignorar os “trepadores”
Pois se alto querem chegar
Podem sucumbir na tarefa
E deixar-se afogar

Gerar, Criar, Inovar
Provocar emoções
Despertar razões
Inquietar corações
Sentir os aromas no ar

Despertar a Primavera em nós
Socorrer as almas perdidas
Colocar guias no caminho
P‘ra novos rumos achar.

quinta-feira, 1 de março de 2007

INDECISÕES…


Nem sei se devo reflectir…
Há palavras que se impõem
Querem ser ditas e ficam travadas
Empecilhos que se levantam
Momentos que se adiam
A sensação permanece…
É necessário falar
Libertar as ideias
Obrigar à reflexão
Mas o tempo vai galopando
Como um cavalo selvagem
Teias que se tecem
Enredos que se criam
E qual insecto indefeso
A malha aperta, instala-se
E és sugado
Rumos definidos
Conscientes ou não…
Liberdade para ouvir e partilhar…
Onde está ela?
Oh Primavera…
Vem conspirar de novo
Iluminar caminhos
Definir etapas desejadas
Para que o Verão não surja do nada
E o Outono te consuma
Antes do Inverno te levar de nós
Teus amigos